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terça-feira, julho 20, 2004

EM RELAÇÃO AO SACRIFÍCIO QUE É AMAR
 
Não querendo com este post insurgir-me como um expert nas artes do amor, por acreditar que o sacrifício é mesmo não querer amar, admiro a coragem do recente colaborador ao expôr um tema tão banal quanto polémico. É que, sem desprezar o conteúdo da sua intervenção, é preciso ter tomates para se falar de um assunto que não se domina. 
Como tal, seleccionei alguns textos de um tal Sr. Luís Ene, cujas palavras poderão elucidar-nos e à corja que acompanha este site, enquanto não aprendem a ler coisas mais inteligentes:

1. Adormeceu a pensar nela e acordou a pensar nela. Vários dias depois continuava a pensar nela. Este sentimento era-lhe tão agradável que decidiu preservá-lo. Desapareceu sem deixar rasto e nunca mais a procurou. Foi bem sucedido. Ainda hoje, decorridos mais de vinte anos, continua loucamente apaixonado por ela.
 
2. Era uma vez uma mulher que amou tanto e tão perdidamente que se tornou mestre na arte de amar. O seu segredo era simples e revela-se em poucas palavras: viu sempre os seus amantes como flores. Estão a perceber? Não? Vou tentar explicar melhor. Imaginem uma flor, uma qualquer, e imaginem também que acreditam na jardinagem como uma arte. O que fariam por essa flor? Deixem-me responder-vos. Cuidariam de todas as suas necessidades, atentariam em cada um dos pormenores, e, o mais importante, não quereriam que ela fosse outra coisa senão ela mesma.
 
3. A-mo-te, disse ele, em voz baixa, soletrando a palavra com exagerada solenidade, mas pareceu-lhe ouvir ma-mu-te, e franziu as sobrancelhas. Depois disse apenas a-mo, mas logo respondeu para si mesmo: se-nhor! Calou-se então, fechou os olhos, e esperou que a imagem dela se tornasse definida e nítida. Só nesse momento pensou e sentiu verdadeiramente que a amava. Ela nunca soube disso, na verdade quase nem dava por ele, mas, ainda que por breves instantes, ele amou-a e o amor existiu nele. Foi feliz, não para sempre, é certo, e não com ela, mas foi feliz, repito, disso tenho a certeza.
 
4. Nem sei o que te diga, mas embora ainda te ame, acho que já não acredito no nosso amor, e acima dele desejo que sejamos amigos. Foi isto que ele lhe disse, pois embora não soubesse ao certo o que dizer, tinha o terrível vício da honestidade, e tentava sempre falar a verdade mesmo quando se enganava a si mesmo e aos outros.
 
5. Estava preocupado. Inquieto. Ansioso. Na verdade nem conseguia definir muito bem o que sentia. E isso, mais do que tudo, é que o deixava assim, sabia lá como! Preocupado. Inquieto. Ansioso. Mas também seguro de si. Tranquilo. Calmo. E foi neste singelo vaivém de emoções e de palavras que ele compreendeu finalmente que o amor é tudo o que precisamos.
 
Voltarei a este tema quando conseguir recolher informações in loco. Até lá, terão que se contentar com a voz da experiência.
 
Boa noite.
 
 

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